Ciganos, os indesejados
Ciganos, os indesejados Igor Shimura Era umas três horas da manhã quando acordei com grande susto ao som de estouros e luzes cegantes na tenda do meu compadre Cassiano, no município de Rolândia-PR, no inverno de 2016. Eu estava num colchão improvisado no chão, próximo da saída frontal da tenda. Não só eu, mas todos os moradores do Acampamento Jair Alves (ciganos da etnia Calon), despertaram assustados, pegos de surpresa pelos sons, luzes e forte cheiro de fumaça que tomou conta do lugar. Lembro-me que ao acordar dessa forma brusca demorei alguns segundos para tomar consciência do que estava acontecendo. Foi tudo muito rápido. Em tom desesperador, ainda deitado, meu compadre ergueu a voz, como que gritando, e perguntou ao seu tio, Diéque (que estava na barraca ao lado), o que havia acontecido. Também sem saber o que dizer Diéque sugeriu que “talvez pudesse ter ocorrido um curto-circuito na fiação elétrica” do acampamento. Enquanto ainda falava ouvimos o som da ignição do