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Ciganos, os indesejados

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  Ciganos, os indesejados Igor Shimura     Era umas três horas da manhã quando acordei com grande susto ao som de estouros e luzes cegantes na tenda do meu compadre Cassiano, no município de Rolândia-PR, no inverno de 2016. Eu estava num colchão improvisado no chão, próximo da saída frontal da tenda. Não só eu, mas todos os moradores do Acampamento Jair Alves (ciganos da etnia Calon), despertaram assustados, pegos de surpresa pelos sons, luzes e forte cheiro de fumaça que tomou conta do lugar. Lembro-me que ao acordar dessa forma brusca demorei alguns segundos para tomar consciência do que estava acontecendo. Foi tudo muito rápido. Em tom desesperador, ainda deitado, meu compadre ergueu a voz, como que gritando, e perguntou ao seu tio, Diéque (que estava na barraca ao lado), o que havia acontecido. Também sem saber o que dizer Diéque sugeriu que “talvez pudesse ter ocorrido um curto-circuito na fiação elétrica” do acampamento. Enquanto ainda falava ouvimos o som da ignição do

“Calon” ou “Kalom”?

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“Calon” ou “Kalom”?  Igor Shimura   Tenho acompanhado, sem grande interesse, algumas conversas entre pesquisadores e ativistas sobre o etnônimo Calon, onde se apresentam dúvidas sobre a “escrita correta”. Oras, não existe uma "escrita correta”, mas convencionamentos que partem principalmente do diálogo da academia com ciganos, considerando questões sociolinguístas. A maioria das produções acadêmicas, artigos jornalísticos e textos outros, usa “Calon”, não “Kalon”. É possível também encontrar as variantes Calom , Kalé , Kalom , Khalon , Khalom , Caló etc. Para mim é um assunto que deve ser tratado pela via da autonomia daqueles a quem se trata, logicamente não partindo de algumas poucas ou uma única perspectiva nativa. Ninguém, indivíduo ou pequeno coletivo, cigano ou não, pode dizer que é "assim" ou "assado" que se escreve "e ponto final"! O que é interessante é a promoção do debate, como faço agora, provocando os interessados (poucos no momen

La decolonialidad, la "decolonialidad" y el gitano asimilado

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La decolonialidad, la "decolonialidad" y el gitano asimilado  Igor Shimura “Soy gitano y eso significa mucho. Significa principalmente que mantengo mis costumbres, mi forma de pensar, mi moral y mi forma de comportarme. Que nadie quiera inculcar en la mente de mi pueblo estos pensamientos de moda, ajenos a nosotros. Mi gente y yo somos más fuertes que estas cosas raras. No aceptaremos”. Sr. Geneci, Gitano, San Pablo, Brasil. ADVERTENCIA: esto es solo una nota, tratando de ser un ensayo, casi sin pretensiones, evidentemente corto y poco científico. Algo superficial que necesita más tiempo, más sustancia y sin duda más dedicación y lectura ... merece la reflexión. No podremos darnos un chapuzón, pero sí podemos mojarnos los pies ... Ten paciencia con mi español ... es un desastre, pero bien intencionado (risas).  Animo el estudio del pensamiento descolonial, que es de suma importancia para que la lógica colonial se horizontalice y las minorías subordinadas durante tanto

Decolonialidade, “decolonialidade” e o Cigano Assimilado

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Decolonialidade, “decolonialidade” e o Cigano Assimilado Igor Shimura     “Sou cigano e isso significa muita coisa. Significa principalmente que mantenho meus costumes, meu jeito de pensar, minha moral e o jeito de me comportar. Que ninguém queira incutir na mente do meu povo esses pensamentos da moda, estranhos para nós. Eu e meu povo somos mais fortes do que essas coisas esquisitas. Não aceitaremos”. Sr. Geneci Calon, Cigano, São Paulo . NOTA PRÉVIA: essa é só uma notinha, querendo ser ensaio, quase  despretensiosa , evidentemente curta e não científica. Uma reflexão um tanto superficial, que carece de mais tempo, de mais substância e certamente de mais dedicação e leitura...  vale a reflexão .  Não poderemos dar um mergulho, mas podemos molhar os pés...   Tenham paciência com a  linguagem aqui utilizada, um tanto simplória, mas considero o público a que se destina, contemplando os desdobramentos. Encorajo o estudo sobre o pensamento decolonial, importantíssimo para que a